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Você já se pegou sorrindo e voltando no tempo ao ouvir uma música antiga, ou ao sentir o cheiro terra molhada, ou ao provar uma comida semelhante à de sua avó. Ou até quando vê um grupo de crianças em brincadeiras antigas? Se você respondeu “sim”, você certamente visitou nestes momentos sua memória afetiva.

Quando falamos de memórias, estamos falando de momentos marcantes que ficam como lembranças boas e nos trazem saudades daquela experiência vivida. 

“Estamos falando desses pequenos momentos que vivemos e geralmente são carregados de afeto. Por isso nos despertam a boa saudade. Geralmente, quanto mais carregado de afetuosidade, de alegria, felicidade ou amor é uma experiência que mais facilmente ficará em nossa memória e será resgatada em determinada situação”, explica a psicóloga e psicanalista, Ingrith Andrade.

Quando surgem as primeiras boas lembranças

A memória afetiva faz parte da nossa identidade pessoal. Ela molda quem somos e como nos relacionamos com os desafios a cada novo passo em nossa vida. Essa lembrança influencia nossas escolhas na adolescência e vida adulta com base em experiências passadas.

O equilíbrio emocional está muito ligado à memória afetiva, pois ela pode oferecer, inclusive, conforto e consolo nos momentos difíceis, trazendo à tona sensações positivas. Além disso, “ela possibilita promoção de saúde mental, resgatam a autoestima, autoconfiança”, complementa Ingrith.

Essas lembranças afetivas podem ser cultivadas desde os primeiros anos de vida. Mas, segundo a psicóloga, são muitas as teorias a respeito de quando as memórias passam a ser registradas. “Após os 4 ou 5 anos é mais comum que momentos marcantes fiquem mais vivos e mais frequentes na memória. Mas muita gente relata cenas aos 2 ou 3 também”.

Memórias Afetivas na superação de traumas

A verdade é que todo mundo tem uma lembrança algo único vivido na infância, que deixa o coração alegre e até esperançoso, quando vem à memória.

Contudo, nem todas as crianças têm acesso a experiências positivas durante a infância. Para muitas delas, as memórias podem estar associadas a traumas e desafios emocionais, o que pode impactar negativamente seu desenvolvimento e bem-estar.  

“Para além de um evento ou alguns eventos traumáticos na vida de uma pessoa, o mais importante é o que se faz com essas marcas depois. Para onde se encaminha, se endereça estes sentimentos”, explica Ingrith Andrade.

Por isso é fundamental promover ambientes seguros e de apoio para que as crianças possam construir memórias afetivas positivas, que promovam um crescimento saudável, seguro e feliz. Este é um dos objetivos do espetáculo Memorável – Histórias Notáveis. 

A apresentação convida crianças, jovens e famílias inteiras a revisitarem diferente memórias dos Palhaços Sem Fronteiras Brasil que ajudaram a construir a missão da organização.

É também um convite para que o público resgate as boas memórias fundamentais para servir como suporte para a superação das dores.

O trabalho dos PSFB pode ser um caminho, uma possibilidade, tanto de resgatar memórias afetivas, de momentos anteriores a vivência traumática, como também de criar vivências, experiências novas, gerando novas memórias afetivas. Consequentemente isso promove a saúde mental, finaliza a psicanalista.